quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Crianças de Gaza

Estruturas geodésicas eliminam o concreto
Epiléptico frente ao forte em queda
Livre dos estímulos periódicos
do eletrochoque paralisia mental -
Que a cova canibalize a catraca!
Profética em sua eterna hospitalidade.

Não há contemplação sem trevas
Arqueologia dos escombros superados pela erva-daninha
Não há dualidade sem dissenso
Nem meia-lua meiótica maximizadora, mortalmente nostálgica
Que acresce à bola de contato um lado sombrio
No equilíbrio das linhas deslizantes,

Não há disfarce sem grupo secreto
e conspiração das bestas medievais do contrabando
Em treinamento de guerrilha ocultista
ANTI-CAPITALISTA
Despovoadora da violência dadaísta
Oposição à não-violência racista, oh! Touro Sentado e Cavalo Louco, eu lhes saúdo!
As baionetas já não atendem ao colonizador: FLECHAS FLAMEJANTES O SAÚDAM.

Traumático e vagabundo,
Em guerra contra a tecnocracia cirúrgica do bisturi psicopata e sanguinário cofre
Vanguardas decaem frente ao cristo castrado sincronizado ante o sacro pênis de exú
Rebanhos (de)formam (anti-)percursos: alianças a curto e longo-prazo como mercadorias perecíveis da gramática normativa doente

Traumático e vagabundo,
Não há desgaste sem que a Pangéia se reparta,
e assim borbulham as estruturas do submundo
Coma
Profundo.

Não há saída,
Não há.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dm7

Esquisitas vozes declamando incompreensões
O musgo não pensa que encarcera (o pescoço ou veias) é tronco que sustenta galho
É o espantalho
Falho
Falo de espantá-lo
O corvo.

Percebe o atalho
Apenas como alternativa
Ao atá-lo com feridas
Retorcidas

Dentro de um frasco jaz um órgão meu
Posso sentí-lo pulsando o sangue que outrora coagulara
Dentro de um frasco jaz um órgão meu
Retirado através das minhas narinas
Ainda pensa
e sonha.

A peça sinfônica
Quando o prelúdio é passado
Se aproxima do fim
Sem ter acabado
A peça,
Sinfônica
e possessa
Protesta
Pelo fim
Da autoridade.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tortura, paralisante tortura
O terrorismo da droga do medo Os imperturbáveis hoje se auto-sacrificam

Exilados na própria ausência


Ilhados na própria urgência

Que logo irá sumir como a linguagem diante da sensação

ou da tortura, paralisante tortura

Costura suas agulhas nas tonturas bolhas de conto de fadas


Tua cintura,

Flamenca cintura

Me emancipa da sede do desidratado

Para a sede de desatar os nós,

os botões, o gozo, os trovões

da mais alta profanação, encharcada de paganismo


(inacabado)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Leve como gota que te leve como nota
Leve gota
Nas cordas
Do violão.

domingo, 2 de janeiro de 2011

As marcas na tua pele macia
O corte do áspero acorde dissonante.
E tuas tranças traçam o tango atonal e túrgido como teu seio silvestre!

Já não preciso da necessidade
Ou da justificativa
Perambulante me crio
No desafio
(Errante)
(Que reluz)
No reclínio resplandecente.

Atravessar a dissolução do mundo
Koorookoolleh, Koorookoolleh!
Das fartas flechas cintilantes
Que abrem nossos versos radiantes
e indivisíveis

Atravessa meu corpo ilusório
Feito de pensamentos
A travessia da transição!
Embalados pela condição da senciência
Soletras dentro de mim
A voz da criação.

SEREMOS O QUE SOMOS E O QUE SEREMOS!

Te dedico
O sorriso etéreo,
Te dedico
O despertar do sorriso eterno
(Como leões na savana quente)
Somos o sono que preenche o céu do último orgasmo do dia
Orquestrado pelo mel que te possui e me dociliza quando cantas baixinho os sussurros das nossas patas e pelos e mandíbulas que descansam de tanto beijar
Somos como leões
Na savana quente.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Adentramos a mata atlântica procurando pelo sombreado teto tecido de umedecidas palavras dedicadas,
Cobertas de limo, saguis, tortos troncos tristes e fl(d)ores belas
O teu gesticular dos braços e do pescoço quente
Saboroso,
Indica o amanhã que sentimos
silencioso
Oferecido por tribos pré-colombianas.

Dividimos a dor como se fizéssemos arte, não estamos à parte!
Teu in(ex)terior é o sonho do sonhador, os mistérios da arte,
Teu mistério é o sonhador que sonha (des)acordado
Atingido pelas recordações dos arqueiros alados (do arco arquearam as vértebras as coincidências que te confeccionaram (te quero arqueada sob(re) meu toque), arcanjos ou cosmos, deuses ou a semente que fostes um dia que hoje é como a amazônia (inconformado tesouro de Monet nos reflexos da lagoa) que respira comunhão e vivacidade (O álcool de beira da estrada e da serra do japi))

am(doloridad)or
fustigante e tempestuosa madrugada de trovejantes lamúrias
Mais estrondosa é a insurreição do enfrentamento de prantos e fúrias
Através de novos prantos e fúrias e prantos furiosos
Am(Dol)orosos

Sobrevivemos enfim, após tornados terem ameaçado uma tentativa de alçar voo
FOMOS ATÉ O ESPAÇO INFINITO ONDE PRA SEMPRE ECOARÁ NOSSO ÂMBAR
Somos nômades numa terra SEM MALES SEM FIM! Que se expandam nossos ragas e atinjam as pragas
Que ameaçam
O cultivo.

Tu é sonho, menina, assim inteira
Dentro de tantos outros sonhos permaneces como o mais alto dos pássaros, que me ensinou a voar e cantar e entender que só é preciso voar (cantando) e cantar (voando)

Juntos quebramos em pedras onde ocorre o estouro das ondas que não encontram o caminho para a beira do mar
E lançados em um canal para os horizontes que não se apagam;

Te quero agora
Aqui onde o pincel não chora
Pois tudo é tão simples,
Quanto a sabedoria da flora.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Das veias do teu braço nas correntes de cipó
Dentro do meu
As cavernas nos esperam com seus céus rochosos
E o céu
Confunde astro e lua
e a argila que se transforma em escultura
Esculpida pelo vento, pela água
da chuva, da lágrima, da transpiração ofegante
O chocalho que anuncia o ritual pagão
E vestígio do som que fazes quando caminha, tropeça, diz ou cala, dorme ou sexo ou dormir antes do sexo
A música do som... o maestro que convoca, não conduz ou rege simplesmente - o maestro é criador (o mastro pode prever a neblina ou enxergar além)

Queria saber te falar sobre todos os compassos
mas esta dança não tem um fim
Pois de dançá-la
Seríamos vivos.

Amanheceríamos tempodosassassinostempodosas (Nus)
Nus tempodosassassinostempodosass (Nós vestiríamos)
TEMPODOSASS O Amálgama
TEMPODOSASS A significância
TEMPODOSASS A mesma natureza refulgente
TEMPODOSASS Do cinturão de Orion.

(A significância é a aderência da infrutescência!)

Queria saber te falar sobre todas as rosas e toda paz, todas as distâncias (distantes), cada nota que errarmos (mas tanto faz) que nos fará descobrir porquê aquele semitom
Mas tanto faz
O que dispertou continuará criando ramos de arco-íris

O céu confunde astro e lua
E arco-íris.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Manifesto

Nossa urgência é pelo erguer dos punhos, e não só das mãos em um pedido de socorro. Não só da misericórdia desatenta - é preciso acompanhar ( ) ao lado dos aflitos, marchar como angústia, ser o crime e o desacatto; pois da ordem são confeccionadas as chicoteantes, paralisantes, ácidas algemas alienantes...

Estremece o verve
Dos frágeis desajustados
Aos trapos e trocas de passos
As vozes proclamam:
- Nós somos a rebelião!
Nós somos o motim,
O corte na garganta do cárcere
Que desfaz o câncer na garganta da fenda

(Por onde escorrem o pífio, o ínfimo, o fraco)

O lar das vozes que amam:
Queimar, tanto quanto falar
escutar
o incêndio
que asfixia a revolta.
A revolta
que incendeia
A própria chama.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Planos são meros enganos
Por baixo dos estigmas
Por baixo dos panos

Planos

Eles se encontram aniquilados
A deformação nasce da guerra
A deformação nasce do mérito
Da fé que maltrata em cruz.

Capturadas as mãos que crucificadas
Exterminavam com pregos (pontiagudos)
Os que repetem assim a busca das mãos enrugadas
Para consumir
Sua sede de vida.

O protagonista
(velho, bêbado, saxofonista)
Se despede
E vai de encontro ao drama

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nam-Myoho-Renge-Kyo-Nam-Myoho-Renge-Kyo-Nam

Te escrevo
Porque te sinto
Te sinto
Porque não sei porque (porque as sombrancelhas surpresas, o gesto, mínimo gesto, e minha confusão se transforma no mesmo instante na condição da tua presença imensurável e VIVA, MUITO VIVA, entorpecente, tanto sabor do teu sabor)
Te escrevo sem querer, sem saber
Te escrevo
(onisciente)
Porque juntos somos
A alvorada.

Andorinha
Sol caindo!
Andorinha
Ilha do pensamento fértil
Andorinha
Textura da água (pequenos seres)
Nuvem (rápida!)
Pupila
- Misteriosa
pupila - esfera negra que não cai
Andorinha
Bem-te-vi.

Te escrevo
Porque (te) vejo
Tão perto de mim...
Do abrigo
da rede que balança
teu peito no meu.

Escrevo
Porque
Em ti
Escrevo
Com língua e cinco elementos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nos pares do encontro do encaixe no corpo encontro
Kaimé e Kayru-kré em confronto (criador)
(O encanto:)
Pequenez do que separa (em união)
Teu ventre do meu suspiro

Respiro
O suave da suavidade e não apenas o peso de seu preâmbulo
Os mananciais do sublime que ressoa na fonte (libertária do teu oceano) da calma que irrompe em ascensão
Como fronteira para o andarilho
Ou o barco que não atraca no cais,
A satisfação das maçãs colhidas da queda entre carícias do gramado de fantasias de infância (permanecerão)

Purpur(in)a
das amoras,
das amoreiras,
Suco que banha e sacia os corpos selvagens
Uivantes sob o cisma do medo.

Teus lábios
São utopia.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Escrevo sem perceber que desenho teus traços de alma da aquarela pulsante de um sutra esquecido: o aprendiz, poente a sorrir e silenciar o verso que se apaga em Nirvana. Nossos segredos nada secretos, nada sagrados, nada sucintos ou abstratos, o mais profundo querer, que como um casulo, prepara para o plenilúnio doce e remoto, já alcançado enquanto o sufoco prepara seu funeral. Pequena e pungente, maremoto de absinto, tonteante e verdadeiro; partitura e poema na partitura no poema NO AZUL!
Entre tuas asas
O ramalhete da pureza -
Precipício,
é teu beijo de revolução.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Beija-flor
Tuas origens
Famintas de sutileza
Percorrem as teclas do piano por onde deslizam desejosos os delírios do teu castanho evanescente
Em harmonia
E quietude.

Me exilar no teu corpo salgado,
E explicar ao tempo
Que não mais retorno
Senão à curva em desvios e acidentes de encontro ao teu suor,
Apenas ao idílio incendiário e ininterrupto das tuas mãos vibrantes e acolhedoras,
Emolduradas por estrelícias alvorecentes.

Tua dança sobre pés descalços
Anuncia entre os inefáveis campos do desapego
A espera
Do inevitável
Verão de sossego.
Súbito
Como faca que rasga e fura, cintila seus caules vermelhos de prata fria
Gélida e enfurecida
O triunfo do óbito
Absorve a overdose da carne
A sombra é o negro do ópio
e lava das erupções
Inexpressiva e cíclica se desfaz em sombra e silêncio
Súbito (como)
Eclipse devaneante e súdito como as pegadas os rastros as ciladas nos frascos, fractais que miram o passado do próprio reflexo

O espinho é penetração e sangue derramado
As lágrimas o espírito de êxtase nebuloso
Os meteoros que não são vistos
No estranho
Obsessivo
Como aguda e insatisfeita promessa

No abismo
Tudo um dia sucumbe
A fraude dos temores resigna seu próprio compasso
Fracasso!
(Não pretendia o degolamento catastrófico da vertigem, como rasgam as cortinas da catarse)
Quero te despir
Suavemente
Como o sopro
e o vendaval.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Frêmito
Das vozes
Psicótica penumbra vazia, do teu suor ácido e mosaico uterino que esparrama esperma e conchas do mar
Tênues vagabundos proclamam
o panda em preto e branco
(sonoros como sinos) espasmos da colméia.

Te devoro, óbito comum!
Descortino o pudor da consequência
no centro do círculo
a face intransponível de
RÁ!
E os corredores, babilônicos perdedores
Pois da marreta contra o tijolo expandem os caminhos não lineares
da selva
das nadadeiras fora do aquário
de todos os lados todos os laços todos os relutantes compassam
Minguante.

O redescobrimento
é a dor da passagem, onde existe a fuga do círculo que a ponta da agulha transforma em formas astrais
e rompe seu lacre
devolvendo às frutas do alto da copa das árvores que residem a casca descascada a costura descosturada

Os primeiros passos da criança
A primeira queda
Fatal.
Delírio por fascínios para desígnios
Da imensa adormecida ampulheta
- O passado puro e deturpado pela perturbação -
Que minha última respiração
Ao tragar o prisma e sereno
Convoque as ranhuras do ipê
E suas cartas em origami vermelho

Queimam cátedras da fobia dos possessivos amedrontados!

(inacabado)
Teias de aranha da lembrança da fuga
Instável drama da espada e pena de águia
É incurável o esquecimento.

Despenca
Na retícula
Da carne frágil e fragilizada
A dimensão do sangue, e suas couraças aprisionantes
Um feixe de luz
No centro do universo,
de todos os tempos.

Espelho

Sofrem os deformados equilibristas
Vigilantes do extermínio,
O último emaranhado da elevação bestial
Adormece entre noites brancas de desamparo.

A fantasia das vísceras
- pele, pranto, ou fúria -
A anomia da inconstância
Hoje sou a dor da felicidade da lembrança
Da lembrança
da dor.

--------- O espelho --------

Engendram as miríades desmedidas
Os traços de barro pulsante
Da iluminação constante do sol entre as pétalas ondulantes
da flor
de Lótus.

Do emaranhado que renasce da elevação do leste da noite
A fantasia dos efêmeros passos entre rios
Das cordilheiras vermelhas desabam inteiras lembranças do que não foi
Do que sou, sensível,
do poema nos olhos do acaso livre
Irredutível.

Já confundo minha boca
e a tua.
O suicídio do sonho
Me traduz o parto
O suicida, estranho
Entre vômitos fartos!

O germe, inquieto
As suas couraças quebra
Confunde o veneno discreto
Com os ritos que a morte celebra!

(inacabado)

domingo, 18 de abril de 2010

Os mitos mortos e amordaçados -
Degenerados deuses do erro
E o erro dos deuses,
Sublime é o turvo do anonimato
de entorpecidas profecias satíricas
Dispersas e inversas
Do sacrifício usurpador e lânguida piedade.

Sacrifica o sacrifício!
Veste o invólucro contra a própria couraça
O trompetista e seu chapéu negro
Deflora a virgem anciã
Os caminhos opostos no mesmo abstrato
Entre os troncos e suas expressões
Retorcidas de escárnio,
De aflições.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Espelho

Os primeiros terremotos do inverno:

Queda
da cor
E da queda
da flor
E daquela mulher estuprada
Pelas facas que refletem
os últimos raios de sol.

-------------------------------------------

Os primeiros terremotos do inverno:

Queda
da cor
E da queda
da flor
e daquele amor pequeno
do tamanho desta estação.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Manifesto

Se mostram insatisfeitos à flor no túmulo
Pois já se tornaram a própria flor
O epicentro
Da tempestade.

O mantra dos grilos
Ecoava na ciranda celeste
Reflexo inverso da totalidade
Onde as raízes
Não significam -
INQUESTÃO!
A reformulação
de si.

O símbolo se desfragmenta
Em subtítulos, subtítulos...

Não sei dizer do que não foi dito
Pareço grito, irrestrito
Desconstruo o reconstruído,
Desconstrói a vírgula!
Apaga a infrutífera víscera do tempo

O instinto
Extinto
Não vê o símbolo da palavra extinta.

A lembrança do seio da terra
Do epicentro
Da tempestade.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A surdez dos sentidos póstumos
Do som...
Que penetra...

Em estereótipos ouvintes
Engendram
No fecundado ferido
Da antologia e auspício na relva de melancolia e corrente de sangue sinuoso
Sinuoso, sangue! Sábio tirânico das vidas!

sexta-feira, 12 de março de 2010

O espelho
Se expande
Externo à essência
Inexistente
Inexistência

O ritmo das alegorias vítimas
Destila o vício da virtude ríspida
Subúrbios Édipos
De sua ancestralidade.

Devorador dilúvico
Contra o sádico, satiriza
Impactante colheita cataclísmica
Instaura em estouros o estorvo, contorno, do amargo

Âmago
De suplícios.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Tudo o que não foi criado
Não criado o nada
Severamente golpeado
o Nariz.

Compreensão da inalcansável essência
Não pretendo não ser subjetivo enquanto xamã em um recolhimento,
As miríades da morte em signos
Desconstruíam a membrana do sono
Mas eu as disseco! Autópsia!
Incognoscível
Pandorga.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Alinhados os homens de touca
Em direção aos portões do barco a vela
Mas as pegadas nos restos mortais formam incompreensões
As asas circulares vingam a serpente em suas asas despedaçadas
Espetáculos Românticos içavam as faíscas dos símbolos
Inóspitos e sinuosos
Uma carcaça dá a luz ao próprio voo
E o que parecia único
Hoje é um gêmeo.

O Processo: FIM

O caminho materno precede
O aborto.

Temo encontrar apenas no fim do limite
dos buracos negros
A nova idéia genuína
O caminho materno precede o aborto
Expulsos do útero, da catatonia
Tornam-se precoces subversões revisitadas
Rememoradas, Reafirmadas
Em sua própria transpiração torrencial de sangue colorido
Manchantes infantes dos redemoinhos formados do caos
Subverter o drama em desejo
Subverto o drama em desejo
Fendas dispersam o alcansável da nudez inocente
Tornado de colapsos
Tornam-se o sêmen na correnteza, a gota no oceano
O oceano na gota faminta e improvável
Que percebe no erro nada mais
Além da normalidade.
Quero
O naufrágio
Delirante e úmido
Penetrante
Entre tuas pernas de equilibrista
E a chuva
Dá vida a terra.

O Processo, pt. 5

Caminhos maternos.

O pianista no deserto
Toca
Onde nunca eu fui antes
A areia que sai
do pó, do corpo do pó
A mim mesmo entregue
Perdido
No sonho, indício
início, incita
Onde nunca eu fui antes
O campo de violetas cinzas
- OS PRIMÓRDIOS DO DESCONHECIDO -
Se convertendo no próximo
Ciclo de finitudes no próprio
Infinito
Absurdos!
Na explosão própria
dos halos que multiplicam
dos halos que frutificam
Tudo ao redor
Penetra tudo ao redor
E enxerga
O mundo
Os núcleos
Circundantes.

Filosofia do Processo, pt.1b

A impossibilidade do ser de deificar-se deriva da consciência de sua própria existência, o que é externo à idéia de individualização, é o encontro com o divino interior; desse modo, deveríamos a partir da imoralidade desconstrutiva, observar como seres selvagens, animais, para que o outro (sujeito ou objeto de referência) torne-se um único, porém, condicionalmente livre em sua individualização.

O acaso é o único deus, e tal conclusão justifica a incapacidade e incompletude do ser humano quando tenta temporalmente lidar com o espanto diante da própria existência.

Lunas

Três sereias
Três vozes cantam
E desaparecem

Procuro o eco
Dos nomes celestes
Nos malabares dançantes
Regidos pela lua nova.

Filosofia do Processo, pt.1

A árvore desprende da inclinação de um morro de terra, como ponte entre a elevação e a linearidade do solo. Suas raízes porém, desenraizadas, permanecem selecionadas meticulosamente em seus resquícios de conexão com o barro, desterritorializando-se então enquanto acaso. Acaso este, espelhado como uma das "moiras", que no entanto, tece um corpo de cobra a ser regido por uma linha condutora da própria existência da serpente, posicionada como isca no oceano do caos.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Incompleto

Somos herdeiros da renascença
Do véu de repetições

Somos herdeiros da discórdia
Dos enigmas
frágeis enigmas insensatos
Vendados no ventre em vertigem -
Eu choro
A impermanência.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A violência do vento me sucumbe
Desgoverna
O Ingovernável
Réplicas triviais e urgentes
Da indireção.

Dorme capataz do vento
O passado espelhado
Retorna em torpor
E muda.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Processo, pt. 3

Cicatrizes da irrealidade
Fantasmagóricas,
Reais.

Escama e a fotografia
Cicatrizes da imobilidade
De uma recordação.

As escadas da ponte
Contornam os frascos tempestuosos
Do fracasso –
Assim é a dúvida.
Assim se fragmentam
Os deuses inválidos do extemporâneo.

Que consiga o verso
Tornar breve o universo,
Instrumentos declamam
Seus lamentos desesperados.

sábado, 7 de novembro de 2009

O círculo de asceses do momento
Indeterminado
Devagar sobre os trilhos do trem
Descarrilhava seus lapsos
De memória viva.

Riscos
Traçados
E vida
Sem traços
Predestinados.

Embaralham-se os espelhos
Ávidos e ondulantes
Para sorver o desejo de descobrir
O que esconde o fundo falso,
De almas rasas.

As inquebráveis maquiagens transparentes,
De velhos espetáculos circenses,
Concebidos
Da confusão.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tudo é tão...
Insignificante,
Quanto a brevidade
Deste poema triste.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O nó
do tempo,
das mãos.
A fusão
Da epiderme
dos corpos.
Vontade
do gozo
do gosto do gozo

A dor
Sofre.

domingo, 1 de novembro de 2009

o Processo - pt. 2

A linguagem sexual
Além da anti-normalidade -
Um elo perdido.

A praga
das estações -
A regência humana
Da frágil sabedoria
Pansexual.

Me absorve todo, glória da manhã
Sou lobo,
Sou vasto,
Sou nativo
dos céus.

O Processo - pt. 2

Definhavam
Cristais da galáxia
Em seu êxtase inacabado
De uma epifania
À reveleção,
Até o processo transformar-se
Comum.

O labirinto
Prisma do instinto
Amo das estrelas
Brincava de criador
Enquanto era criado.

O Processo - pt. 2

A liberdade
é ser
A liberdade é a vida
Vida contida de ser
Escolhida
Um corpo
A fadiga,
A ferida
Torta.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As penas secretas

Sou do lugar
Onde sou todos os tempos
Todos os tangos

Sou do lugar
Onde juntos vamos
Para lugar nenhum

Nem ritmo,
Nem música,
Nem silêncio.

Sou dor implume!
O incurso da tragédia
No limo dos breves

Nem ritmo,
Nem música,
Nem silêncio.

A dança
Jamais
Terminou.

Discreto

Como pressentir os passos
Do elefante de olhos vendados?
Seus olhos são flautas,
O caleidoscópio
Fragmentado.

O veneno de Júpiter
Recorta os membros
Insípidos e canibais,
Denunciam o relógio de madeira
Intocável e impenetrável
Voz.

sábado, 24 de outubro de 2009

Asibnnac

Mudança da expressão
Homens voando em esferas do sono
O arco indígena toca a mão,
E reaparece nos pés
Grito!
O rosto em frenesi diz
Buda
Feliz.

Todos os olhos entram em mim
Todos os olhos sincopados
Entram em mim.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A saudade é o halo
Que guarda e aguarda a luz
Dos iluminados.

sábado, 17 de outubro de 2009

Existe uma vida
Em que este poema não nasceu.
Existe uma vida
Em que este poema não nasceu?

Deserto de nuvens vermelhas

Se dessem frutas
minhas mãos
Saberiam tocar

Espalha teu sêmen
Sobre o deserto
Assim florescerá a vida
Oonde os campos lisérgicoos
São crianças correndo sutilmente
Nos girassóis.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Trilha

Quando desvendaria um sóbreo o incolor
O doce nomadismo da onda verde terra
Assim como tudo é mais infinito sem luz
As luzes apontam:
"Tu, que sonhas na janela!
és do musgo e das jasmins
Da selva e do selvagem,
Nem o peixe, nem o pescador:
A onda que vai... vai...
De todos todos os caminhos, todos são!
O sopro, sutil
Leve
Apocalíptico!
De tantos coiotes, um só.
Ferido de insônia e criação
E por isso uiva, e canta...
Dançante sobre as pedras do abismo que é
Ser real demais.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Processo - pt. 1

Ah, eu vivo a poesia do acaso...
Das palavras borboletas azuis
Assassinas do disfarce!
Eu sou a poesia do acaso
Do confronto embriagado de silêncio livre
E cantante.

Eu sou
O confronto só.

Psicodelia torta.

Espero, irmão
Nosso tempo.
A boemia,
Os diamantes da orgia,
A arte que destrói e cria
Nossa voz unificada
Em solidão e desejo.

Espero, irmão
O tempo que não é nosso!
(Que também é nosso)
Da desconstrução dos palácios de concreto
A confusão dos olhares bacantes
pela incerteza de um sorriso.

Dos laços bucólicos
- Libertinos -
Que unem a nossa
Poesia.

Poesia que não é nossa!
Que também é nossa...
Do fim e tempestade
Dos teatros virgens
Da tinta nostálgica do céu do Guaíba,
Cada som e silêncio
Da flauta às cordas da ventania,

O vinho derramado.